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SANTA MARIA furto de 82 cartões do Auxílio Inclusivo Municipal É lamentável. Era como se fosse um filho meu', diz secretário sobre suspeito de desviar recursos
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Publicado em 08/02/2022

Circulou nas redes sociais nesta segunda-feira um áudio supostamente atribuído ao responsável pelo furto de 82 cartões do Auxílio Inclusivo Municipal. No conteúdo, o suspeito afirma que o secretário de Desenvolvimento Social da prefeitura de Santa Maria, João Chaves, teria o conhecimento de que outras pessoas estariam furtando cartões. O áudio ainda traz que Chaves solicitava contribuições em dinheiro desse funcionário e que haveria desvios de cestas básicas na secretaria.No final da tarde desta segunda-feira, após o conhecimento do teor do áudio, Chaves negou todas as acusações e se disse decepcionado com o suspeito, o qual era uma indicação dele para a secretaria e uma pessoa, até então, de sua confiança. Foi a primeira entrevista do secretário à imprensa desde que o episódio veio à tona, na semana passada. 

- Já tive o conhecimento (do áudio) e é lamentável. Esse ex-servidor nosso era uma pessoa extremamente próxima a mim, de confiança. Eu tinha ele como um filho. Era como se fosse um filho meu, sempre ajudei ele, conheço toda a família, a esposa, os pais, os irmãos. Sempre fui muito próximo. E é lamentável a gente ter de ouvir essas questões. Mas a gente está com a consciência tranquila, muito transparente sobre tudo que é feito e à disposição para qualquer órgão de fiscalização. Porque isso não é algo que atinge o secretário, atinge todos os servidores da secretaria, que são servidores muito comprometidos com a causa, que desde o início da pandemia vêm cuidando das pessoas que mais precisam, e é lamentável esses boatos que estão circulando - frisou Chaves.

Sobre a acusação de desvio de cestas básicas, Chaves explicou que houve uma mudança na estratégia de entrega dos alimentos em função da pandemia e descartou qualquer tipo de irregularidade: - Nossos serviços eram entregues normalmente nos Centros de Referência de Assistência Social, que são os CRAS. Só que, como a demanda aumentou muito na pandemia e eles (CRAS) não conseguem dar o atendimento, que precisa ser por agendamento, essas cestas básicas corriam o risco de estragar e perder a validade. Então, numa conversa com o prefeito e com os técnicos da secretaria, chegamos à conclusão que poderíamos trabalhar com projetos sociais. Até porque, quem conhece a realidade das comunidades são os projetos sociais. E como havia muitas ligações das comunidades que não estavam conseguindo acesso aos CRAS e estavam com muita dificuldade de alimentação, nós criamos uma estratégia de fazer esse trabalho (de entrega das cestas) através dos projetos sociais. Então, uma assistente social nossa, da secretaria, fez uma planilha com perguntas que deveriam ser feitas para os projetos sociais. Era feito um cadastro, e o presidente ou responsável pelos projetos assinava e a gente fazia a entrega (das cestas) nas comunidades (...) Tudo sempre foi feito de forma muito transparente. Temos todos os relatórios de entregas das cestas, e nunca teve nenhuma situação de desvio  - garante Chaves sobre as supostas acusações do ex-servidor em relação a desvios de cestas básicas.

Em outro trecho do áudio, o suspeito diz que destinava parte do seu salário ao secretário, a pedido dele. Chaves, contudo, rebate a declaração e se diz triste com tal acusação de um ex-servidor que era uma pessoa de sua confiança, inclusive amigo da família:

- Ficamos muito tristes por uma acusação dessas. A gente lamenta. Era uma pessoa muito próxima a mim e eu ajudava muito esse servidor. Hoje, ele (ex-servidor) pode estar magoado, triste, mas eu trabalho com a lei. Ninguém está acima da lei. Para mim, é muito difícil fazer o que eu fiz (denúncia do desvio de recursos pelos cartões de auxílio), mas fiz em cima da lei. Como eu tenho essa proximidade com ele, muitas vezes ele fazia conserto do veículo dele e várias outras coisas, e eu ia lá e acertava pra ele. Mas eu nem tenho de ficar falando nisso. Se tem de ter uma comprovação de tudo isso, não deveria ser eu (a fazer). Mas eu tenho como comprovar a minha lisura em tudo o que eu fiz. Mais uma vez, é lamentável tudo isso e tenho certeza que lá na frente ele vai ser arrepender de tudo isso e do que tem falado.Por fim, o secretário ressaltou que o programa de Auxílio Inclusivo Municipal não deve sair manchado e que o trabalho em conjunto com o Legislativo, que foi quem destinou os recursos ao Executivo, seguem sendo um exemplo. 

- Minha preocupação agora é conversar com o cidadão santa-mariense e explicar pra ele a lisura do processo e a integridade do processo. Tudo sempre foi feito com muita transparência e muita responsabilidade. Isso que aconteceu e tem entristecido a mim e o nosso trabalho não vai manchar um programa que tem sido feito com lisura e transparência e é referência. A verdade sempre vai vencer - destacou Chaves, que, segundo a prefeitura, foi quem denunciou o furto de cartões quando tomou conhecimento do que estava acontecendo.

No mesmo áudio, o suspeito reitera que não teria participação no crime, algo que ele já havia afirmado à reportagem na última sexta. Esta versão do áudio, contudo, traz elementos diferentes do que é apontado no relatório do inquérito policial. Segundo a investigação da Polícia Civil, o ex-funcionário havia confessado o furto de apenas seis cartões.NA CÂMARA

O secretário foi até a Câmara de Vereadores na manhã desta segunda-feira para falar sobre o caso. Esta foi a segunda reunião sobre o tema, depois de um encontro na sexta-feira, solicitado por Chaves. Desta vez, quem convocou a reunião foi a presidência da Casa, com convite a todos os vereadores.

No encontro, Chaves fez um histórico da atuação da secretaria desde a constatação da falta de cartões do programa até a exoneração do funcionário suspeito pelo furto, em 23 de dezembro. O servidor exercia cargo em comissão (CC) na secretaria. Os vereadores Alexandre Vargas (Republicanos), Givago Ribeiro (PSDB), Marina Callegaro (PT), Danclar Rossatto (PSB), Pablo Pacheco (Progressistas) e Tubias Callil (MDB) participaram da reunião.

- O rapaz era meu CC (cargo de confiança) e como um filho para mim. O dia que exonerei era como estivesse exonerando um filho. Mas a lei é para todos e a verdade está posta - falou o secretário aos vereadores.

A presidência do Legislativo declarou que está à disposição para prestar suporte necessário às atividades referentes ao acompanhamento dos fatos envolvendo o Programa do Auxílio Inclusivo.O CASO

O inquérito conduzido pela 1ª Delegacia de Polícia de Santa Maria já foi fechado e a investigação apontou que somente um servidor estava envolvido no caso. O gasto indevido com os cartões do Auxílio Inclusivo chegou a R$ 19 mil. Como cada cartão tinha um crédito de R$ 400 (dividido em duas parcelas de R$ 200), o saldo total seria de R$ 32,8 mil.  A diferença de R$ 13,8 mil foi bloqueada antes de ser utilizada. Uma sindicância foi aberta na prefeitura em dezembro de 2021 e o servidor foi exonerado. O caso criminal foi encaminhado pela polícia ao Ministério Público (MP). 

fonte Diário de Santa Maria

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