— Instauramos o inquérito por injúria discriminatória, o que não afasta que, no final, depois da instrução, cheguemos à conclusão de que ocorreu o crime de racismo, além da ameaça. Ouvimos o síndico do condomínio e reinquirimos a vítima. Ela ratificou o que havia dito e trouxe elementos importantes ao inquérito. Sabemos que é um caso de grande repercussão, mas não podemos dar detalhes mais específicos sobre os depoimentos para não prejudicar a instrução. Estamos trabalhando para concluir esse inquérito na próxima semana com remessa ao Judiciário — detalha a policial.Ana Lúcia prestou o primeiro depoimento na sexta-feira (18), quando fez o registro de ocorrência. Na última terça (22), ela e o síndico do prédio falaram novamente à polícia.
Segundo a porteira, a agressão ocorreu após ela ter autorizado a entrada de um oficial de Justiça que foi entregar notificação de despejo ao morador. Ela alega que tentou contato telefônico com o homem, para que ele descesse, mas não conseguiu.
Após receber a notificação, o homem foi até a portaria, onde passou a agredir a funcionária. A vítima relata ainda ter sido ofendida.
— Ele me pegou na camisa, me atirou para trás e começou a dizer: "Eu não admito polícia e nem oficial de Justiça na porta do meu apartamento". Eu disse que nós não tínhamos como barrar, aí ele disse "Se acontecer outra vez, vou quebrar a tua cara. Tu, negra, não tem competência para trabalhar aqui" — relata.
Ana trabalha há 12 anos no mesmo prédio e disse que nunca tinha passado por nada parecido.
— Espero por Justiça, que isso não aconteça mais com nenhuma mulher, com nenhum homem, é preciso denunciar esse tipo de situação. Sinto-me impotente. A gente sai para trabalhar, deixa a família, os filhos, e aí acontece uma coisa dessas.
O nome do morador não foi divulgado pela Polícia Civil. A reportagem de GZH tenta contato com os advogados dele, mas ainda não conseguiu retorno. FONTE GZH