Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, natural de Guaíba e sem antecedentes criminais desapareceu e oito dias que seu corpo foi encontrado. Ele foi visto vivo pela última vez entra a noite de 12 e a madrugada de 13 de agosto, no Bairro Independência, em São Gabriel. Segundo o relato de uma moradora, ela teria chamado a Brigada Militar (BM) após o jovem ter forçado a grade da casa dela e tentado entrar no local.Ela mesma filmou parte do atendimento da BM. Os policiais foram até o endereço, abordaram, algemaram Gabriel e o colocaram no porta-malas da viatura. O corpo dele foi encontrado dia 19 de agosto, em uma barragem na região conhecida como Lava Pé. Os três policiais (Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso) que abordaram o jovem foram presos na sexta-feira (19) e estão no presídio militar em Porto Alegre desde então.

O que se sabe

• Duas viaturas da BM que estavam em serviço foram apreendidas e passaram por perícia
• Os três policiais presos, suspeitos de envolvimento na morte de Gabriel, prestaram depoimento na Brigada Militar
• Pelo menos outros seis policiais que estavam em serviço na noite de 12 de agosto também prestaram depoimento à Polícia Civil
• Carro particular do soldado De Lima foi apreendido e passou por perícia
• Telefones dos policiais e GPS das viaturas foram apreendidos e analisados pelos peritos
• Mulher que chamou a polícia, filha e afilhada foram testemunhas da abordagem na frente da casa da família
• Corpo foi encontrado dentro da barragem do Lava Pé, embaixo de vegetação aquática
• Corpo de Gabriel estava vestido, de alpargatas, e com o óculos no bolso da calça
• Gabriel teria sido agredido durante a abordagem, conforme o relato de testemunhas
• Brigada Militar de São Gabriel está sem comandante direto desde 2016
• Justiças Militar e Estadual decretaram as prisões dos PMs, que estão no Presídio Militar em Porto Alegre
• Advogados dos três PMs alegam inocência
• Polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa dos policiais militares
• Câmeras de segurança gravaram Gabriel entrando em um bar e comprando bebida
• Prazo de 10 dias para a conclusão do inquérito se encerra segunda-feira e pode ser prorrogado
• IGP divulgou laudos de teor alcoólico e de drogas no corpo de Gabriel. Teor de álcool era elevado (23,4 mg/l), mas parte pode ter origem na decomposição natural do corpo. O exame do consumo de drogas deu negativo
• Laudo da perícia do IGP no corpo de Gabriel deve ser divulgado até a próxima sexta-feira

  O que ainda não se sabe

  Muitas dúvidas ainda seguem sobre o caso. Talvez a Polícia Civil, a Brigada e o IGP já tenham algumas das respostas, mas não divulgam. Para a população, esses são alguns dos pontos em aberto:

  Já se sabe o que provocou a morte de Gabriel?

  • Essa é a principal dúvida e mais decisiva, até então. A causa da morte pode ser determinante para o caso, mas o IGP ainda tem prazo de cerca de 20 dias para concluir o laudo que vai apontar as causas da morte. Não foi divulgada nenhuma informação prévia até o momento, se o corpo tinha ferimentos, lesões ou marca de tiro, ou se pode ter se afogado. Na sexta, completaram-se 7 dias desde que o corpo foi achado, e ainda não havia resposta para a principal dúvida do caso: como morreu Gabriel?

  Já se sabe quem foi o policial que saiu do serviço à 1h na noite do desaparecimento?

  • Não. Essa informação pode ajudar a entender quem pode ter envolvimento maior ou menor no caso.

  Gabriel estava ou não desacordado quando foi colocado dentro da viatura?

• Não há certeza, pois depoimentos que constam no despacho da juíza informam que ele teria sido atingido três vezes por cassetete na cabeça e aparentava estar com o corpo rígido. Porém, não há certeza. Os advogados de defesa dos PMs alegam que ele foi levado consciente.

Além dos três policiais, mais pessoas estão sendo investigadas?

• Em princípio, ninguém mais está na condição de investigado, mas a polícia não revela detalhes disso. Outras pessoas estão sendo ouvidas como testemunhas.

Gabriel conhecia as duas jovens que teriam relação com a dona da casa? Ele foi convidado para ir ao local?

• Um relato inicial, logo após o desaparecimento, dá conta de que Gabriel teria sido convidado pelas jovens para ir na casa delas. Depois, a dona do imóvel negou essa informação. Não se sabe se ele conhecia as jovens.

Gabriel estava embriagado?

• Relatos da mulher que chamou a BM e dos policiais dão a entender que ele estaria sob efeito de álcool. O IGP confirmou a presença de 23 mg/l de álcool no sangue de Gabriel, mas parte desse teor pode ter origem natural a partir da decomposição do corpo.

Os policiais largaram Gabriel na estrada ou não?

• Os 3 PMs presos alegam que sim e que ele estaria vivo e que pediu para ir para lá. Mas nenhuma testemunha teria visto o que ocorreu após Gabriel ter sido colocado na viatura.

Gabriel foi espancado?

• Há relatos de testemunhas apontando que ele teria levado três golpes de cassetete, mas só o laudo do IGP pode comprovar se havia lesões no corpo.

O que os policiais foram fazer no quartel entre 0h18min e 0h36min, segundo o GPS?

• Não há informações sobre isso.

Quais as irregularidades encontradas até agora na conduta dos PMs?

• A Corregedoria da BM informou que eles não poderiam ter levado Gabriel para outro local, mas para a delegacia, e que há indícios de adulteração do boletim de ocorrência em que os policiais informaram fatos inverídicos. A BM não concluiu a investigação nem divulgou mais detalhes.

Os policiais consultaram ou não o nome de Gabriel no sistema de consultas da Brigada?

• Não foi divulgado.

A polícia divulgou quais objetos, além de carro particular e telefones, foram apreendidos na casa dos PMs?

• Não se sabe que objetos e qual a intenção da polícia em apreendê-los para serem periciados.

Minha linha do tempo matinal de Diário de Santa Maria fonte Diário de Santa Maria