SETEMBRO COMEÇA COM CHUVA EXTREMA, ONDA DE TEMPESTADES E ENCHENTES
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Publicado em 31/08/2023
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A MetSul Meteorologia alerta que o mês de setembro vai começar com chuva excessiva e uma onda de tempestades no Centro-Sul do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Será um episódio significativo de precipitação e tempo severo que vai afetar os países vizinhos e vários estados brasileiros, do Sul, Centro-Oeste e do Sudeste. Os sinais do fenômeno El Niño até o momento foram muito incipientes e o episódio poderá marcar o tão esperado começo de um período muito mais ativo de chuva e temporais no Sul do país por conta do fenômeno à medida que a atmosfera gradualmente começa a responder ao superaquecimento do Oceano Pacífico Equatorial.
A MetSul nos últimos vezes antecipava reiteradamente que os efeitos do El Niño começariam a ser sentidos mais a partir do fim do inverno e a primavera, assim um aumento expressivo da chuva no começo de setembro está em linha com o cenário esperado de precipitação e dos impactos do El Niño previsto há vários meses pelos nossos meteorologistas. Setembro, tradicionalmente, costuma ser mais chuvoso mais ao Sul do Brasil, mas um evento de precipitação como se espera para os primeiros dias do mês pode fazer com que o mês em 2023 seja excepcionalmente chuvoso com precipitação até muitíssimo acima da média.
As médias históricas de chuva em setembro, conforme a série histórica 1991-2020, são de 147,8 mm em Porto Alegre, 155,3 mm em Santa Maria, 163,1 mm em Caxias do Sul, 146,6 mm em São Luiz Gonzaga, 199,6 mm em Chapecó, 146,9 mm em Florianópolis e 143,3 mm em Curitiba. O mês, por ser o primeiro da chamadas primavera meteorológica, o trimestre entre setembro e novembro, igualmente apresenta uma maior frequência de tempo severo no Sul do Brasil, uma vez que o encontro de massas de ar frio e quente se torna mais frequente como estação de transição climática.
VOLUMES EXCESSIVOS DE CHUVA NO COMEÇO DO MÊS A MetSul Meteorologia projeta três grandes episódios de instabilidade no Sul do Brasil durante os primeiros dez dias de setembro, dois agora no início do mês. O primeiro momento de forte instabilidade vai se dar entre esta sexta e o sábado enquanto o segundo vai ocorrer no começo da semana que vem. A soma da chuva destes dois picos de instabilidade do começo do mês deve resultar em acumulados muito altos a localmente excessivos. O mapa abaixo traz a projeção de chuva para os próximos cinco dias do modelo meteorológico Icon, do serviço meteorológico da Alemanha Deutsche Wetterdienst. Observa-se a tendência de no período chover acima de 100 mm em uma extensa área do Sul do Brasil com acumulados em alguns pontos entre 200 mm e 300 mm, em particular na Metade Norte gaúcha.
Já o segundo mapa, abaixo, apresenta a projeção de chuva para cinco dias do modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF), que, igualmente, sugere chuva volumosa no período numa grande área do Sul do Brasil que teria acumulados de precipitação até o começo da semana que vem superiores a 100 mm. O modelo europeu indica uma área de chuva volumosa maior que a do Icon e da mesma forma projeta a possibilidade de volumes acima de 200 mm ou 250 mm em alguns pontos isolados.
O terceiro mapa por sua vez, abaixo, traz o cenário mais agressivo de instabilidade. Trata-se da projeção de chuva para cinco dias do modelo da Environmental Canada, o serviço meteorológico do Canadá. Este modelo, assim como os demais, também indica chuva excessiva no Sul do Brasil com acumulados de 100 mm em muitas cidades, mas concentra uma área de precipitação com volumes extremos de 300 mm a 500 mm no Noroeste gaúcho.
O prognóstico da MetSul, com base nestes modelos e outras simulações computadorizadas que são utilizadas pela empresa, indica chuva acima de 100 mm em várias regiões do Rio Grande do Sul entre esta sexta e o final da segunda-feira com marcas de 200 mm a 300 mm em algumas áreas e isoladamente superiores (mais de 300 mm). A região que deve concentrar os mais altos acumulados de precipitação se concentra do Centro para o Norte gaúcho, sobretudo a Metade Norte. A chuva deve ser volumosa ainda em parte de Santa Catarina e do Paraná, especialmente no Oeste dos dois estados, onde vários municípios podem anotar no período acumulado de 100 mm a 200 mm, entretanto com volumes localizados superiores. O Oeste catarinense merece atenção pela possibilidade de marcas mais extremas de precipitação. Embora sem acumulados extremos, como no Sul do Brasil, a chuva pode ser volumosa em pontos do Mato Grosso do Sul, em particular mais ao Sul do estado. Como as média históricas de precipitação do estado ainda são baixas em setembro, pelo auge da estação seca no Centro do Brasil, os volumes podem ser expressivos em algumas localidades.
CHUVA DIA A DIA O tempo se instabiliza com chuva em grande parte do Rio Grande do Sul nesta sexta e atinge ainda áreas mais a Oeste de Santa Catarina e possivelmente do Sudoeste do Paraná até o fim dia. No sábado, a chuva aumenta e atinge também de forma generalizada o Sul do país e ainda áreas do Mato Grosso do Sul e de São Paulo. No domingo, precipitações são esperadas em grande parte do Sul do Brasil e de forma mais localizada no Mato Grosso do Sul e de São Paulo. Na segunda, segue chovendo em grande parte da Região Sul e, com a organização de uma frente fria, chove em muitos locais do Mato Grosso do Sul com o deslocamento da frente pelo Centro-Oeste. A chuva aumenta em São Paulo. Já na terça, à medida que a frente fria avança pela porção central do Brasil, o tempo melhora mais ao Sul do país e a instabilidade se concentra mais em parte do Paraná e pontos do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil.
Chuva excessiva deve atingir ainda entre o final desta semana e o começo da semana que vem áreas do Nordeste da Argentina, sobretudo a província de Misiones que faz fronteira com o Sul do Brasil, e também locais do Centro-Sul do Paraguai. ONDA DE TEMPORAIS Temporais isolados devem atingir o Rio Grande do Sul por vários dias seguidos, repetindo o que ocorreu na região entre os dias 22 e 24 de agosto. A maior preocupação neste período de forte instabilidade do começo de setembro é chuva excessiva, mas devem ser esperadas tempestades localizadas. Neste período entre esta sexta e o começo da semana, há previsão de temporais isolados de granizo de variado tamanho no Sul do Brasil, entretanto não podem ser descartados episódios isolados de vento forte a intenso acompanhando temporais.
O potencial para temporais, isoladamente fortes, aumenta entre o domingo e a segunda-feira, quando uma frente fria se organiza e uma massa de ar mais frio avança sobre o ar quente instalado sobre o Sul do Brasil. Por isso, o final do domingo, a madrugada e a manhã de segunda são de alto risco de temporais com muitos raios, chuva intensa, granizo e vento forte quando do avanço da frente fria pelo Rio Grande do Sul.
Entre o final do domingo e o começo da segunda haverá o agravante de uma área de baixa pressão profunda sobre o Rio Grande do Sul, com pressão em superfície abaixo de 1.000 hPa (criticamente baixa), o que aumenta o potencial para tempestades localmente fortes a severas de chuva intensa, vento e granizo. Podem ocorrer vendavais com rajadas isoladas perto ou superiores a 100 km/h. Espera-se ainda a atuação de uma corrente de jato em baixos níveis no começo da semana sobre o Sul do Brasil, o que, com a chegada da frente fria, pode dar margem a episódios isoladíssimos de vento extremo como atividade tornádica ou microexplosões.
O vento já sopra moderado a forte em alguns pontos de Norte e a Nordeste no fim de semana, mas na segunda-feira, que será o dia de maior risco de vento, com o aprofundamento de um centro de baixa pressão, rajadas fortes devem ser registradas em muitas cidades gaúchas com velocidade de 60 km/h a 80 km/h, mas superiores em alguns pontos. Nas áreas de maior altitude entre os Campos de Cima da Serra e o Sul de Santa Catarina é maior o risco de vento perto e acima de 100 km/h. IMPACTOS PREVISTOS A sequência de dias de intensa instabilidade trará potenciais transtornos e problemas em várias cidades, principalmente no Rio Grande do Sul e no Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina. Será um período de elevado risco de tempo severo e chuva volumosa a excessiva. A chuva em alguns momentos deve ser forte a torrencial com acumulados muito altos em curto período, o que pode trazer alagamentos e inundações repentinas. A persistência da chuva por vários dias deve provocar ainda inundações e prováveis cheias de rios com enchentes. As bacias de maior risco são da Metade Norte gaúcha. O Rio Uruguai, em especial, merecerá atenção. A perspectiva de temporais isolados de granizo e vento forte sugere ainda a possibilidade de danos isolados por tempestades severas com destelhamentos e colapso de estruturas. Alta incidência de raios em vários momento durante este evento de instabilidade pode levar ainda a cortes de energia, risco que será agravado na segunda-feira pelo vento forte em muitas cidades. COMO CONSULTAR OS MAPAS Todos os mapas neste boletim podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas. A plataforma oferece mapas de chuva, geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.
SOBRE O AUTOR Estael Sias Estael Sias, MSc., é autora de MetSul.com e meteorologista formada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Mestre em Meteorologia pela Universidade de São Paulo (USP). Sócia-diretora da MetSul Meteorologia com passagem pelo Grupo RBS, Canal Rural e Defesa Civil de São Paulo.
fonte MetSul Meteorologia