Uma cúpula de calor se instala no Centro da América do Sul e trará uma longa sequência de dias com calor excessivo no Centro e no Norte da Argentina. A massa de ar quente será sentida também no Uruguai e contribuirá para aumentar a temperatura no Rio Grande do Sul, embora sem extremos como os previstos para o território argentino.
O SMN, Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, tem emitido alertas vermelhos por calor extremo para províncias do Oeste argentino e o Norte da Patagônia. Um alerta vermelho por altas temperaturas, de acordo com a descrição do SMN, significa que as condições são “muito perigosas” e que “podem afetar todas as pessoas, inclusive as saudáveis”. Na semana passada, máxima de 43,9ºC foi registrada em San Antonio Oeste, na região patagônica. Hoje à tarde, termômetros indicavam temperaturas acima de 40ºC em províncias como La Rioja, Formosa, Santiago del Estero, San Juan, San Luis e Salta.
A temperatura deve subir ainda mais nos próximos dias na Argentina com marcas que podem atingir valores tão altos quanto ao redor ou acima de 45ºC em alguns pontos, especialmente do Centro para o Oeste e o Norte do país. O calor pode ser mais extremo em Santiago del Estero, Catamarca, La Rioja e San Juan.
No Centro argentino, a Grande Buenos Aires anotou 35ºC ontem em Ezeiza, mas os próximos dias reservam muito mais calor. Máximas entre 36ºC e 39ºC são previstas para quase todos os dias até a metade da semana que vem na região metropolitana da capital argentina. No Uruguai, o Inumet, Instituto Uruguaio de Meteorologia, emitiu aviso de onda de calor a partir do dia 1º de fevereiro As máximas previstas ficam entre 34ºC e 38ºC. O aviso compreende principalmente o Oeste e o Sul uruguaio, incluindo a capital Montevidéu. Como o ar quente será sentido no Rio Grande do Sul A massa de ar quente terá impacto no Rio Grande do Sul com aumento do calor nos próximos dias, entretanto não são previstas marcas tão extremas quanto as indicadas para a Argentina nem tampouco onda de calor como a do ano de 2022, que foi histórica. O calor será mais intenso na Metade Oeste do estado, onde diversas cidades devem ter máximas de 36ºC a 39ºC ao menos até a metade da semana que vem. Marcas ao redor de 40ºC podem ocorrer na Fronteira Oeste.
Áreas mais a Leste, como o Litoral Norte e Porto Alegre, devem ter calor todos os dias até quarta ou quinta da semana que vem, mas os dados não indicam marcas extremas. Nos vales e no Centro do estado, o calor deve ser intenso com máximas superiores aos 35ºC nos próximos dias. As máximas, na maioria dos dias, devem ficar entre 32ºC e 35ºC na capital, o que não foge demais aos padrões desta época do ano, apesar de muito quente. Nas praias do Litoral Norte, com efeito termorregulador do oceano, as máximas não tendem a ser elevadas e os dias tendem a ser mais agradáveis na comparação com o restante do estado.
O que é uma bolha de calor Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar. Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil. É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.
Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo
FONTE AUTOR Estael Sias Estael Sias, MSc., é autora de MetSul.com e meteorologista formada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Mestre em Meteorologia pela Universidade de São Paulo (USP). Sócia-diretora da MetSul Meteorologia com passagem pelo Grupo RBS, Canal Rural e Defesa Civil de São Paulo.