Carta de Repúdio
Como elegeram Schirmer vereador em Porto Alegre?

Nós, da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria - AVTSM, demonstramos nosso repúdio pela eleição a vereador da cidade de Porto Alegre, de Cezar Schirmer.
A tristeza e o sentimento de injustiça tomam conta de nossos corações e mentes ao constatarmos tal eleição.
Schirmer era o prefeito de Santa Maria em 27 de janeiro de 2013 quando ocorreu a tragédia da boate Kiss – que funcionava irregularmente na época do crime – tirando a vida 242 jovens e deixando mais de 600 sobreviventes, muitos com sequelas físicas e psicológicas até hoje. O então prefeito nunca foi capaz de um ato de solidariedade conosco, tampouco assumir suas responsabilidades como chefe do executivo da cidade.
Pelo contrário, em 2016, por meio de um apadrinhamento político, sem terminar seu mandato como prefeito, abandonou Santa Maria para assumir a Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul, num ato vil e vergonhoso que comprovou a total falta de respeito para com a memória dos jovens que tiveram suas vidas ceifadas, para com os sobreviventes, para com os familiares e amigos e para conosco, pais e mães.
São sete anos em que nos sentimos injustiçados pelo esquecimento que querem dar ao fato e vilipendiados pelos atos desse senhor. Tentem imaginar por um instante o que sentimos quando vimos em propaganda eleitoral ele proferir a frase: “Porto Alegre pode ser a capital mais segura do Brasil.” Como pode tamanha desfaçatez?
Como podem 3.484 eleitores terem a capacidade de eleger tal representante ao legislativo de Porto Alegre? Mais um ataque atroz e covarde para conosco. A capital do estado não poderia ter em seu Poder Legislativo um representante com essa trajetória.
Além de toda a saudade que vivenciamos desde aquela madrugada, nós, pais, mães, familiares e sobreviventes repudiamos tal eleição a vereador e compartilhamos nossa indignação absoluta e uma tristeza indescritível pela conduta desse senhor.
Como elegeram Schirmer vereador de Porto Alegre? Essa é a pergunta que fazemos as 3.484 pessoas que tiveram a capacidade de referendar a dor alheia.