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Cientistas afirmam que supertempestade solar poderá atingir a Terra
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Publicado em 09/12/2020

Quando ouvimos falar em tempestades, já nos lembramos logo de rajadas de ventos, trovões, relâmpagos, raios e muita chuva. Todavia, o termo não se aplica apenas a esse evento natural registrado na Terra. A explosão de partículas superaquecidas na superfície do Sol pode gerar ventos e um fenômeno conhecido como Tempestade Solar ou Erupção Solar.As atividades desenvolvidas no núcleo do Sol ocasionam uma produção muito grande de energia por meio da fusão nuclear. Nesse processo, liberam-se prótons e elétrons, que são atraídos e acumulados em campos magnéticos. A grande concentração dessas partículas causa explosões, que, por sua vez, produzem ventos que podem atingir os planetas do Sistema Solar. Essas tempestades ocorrem com mais frequência durante o período conhecido como máximo solar, ou seja, quando o Sol está no pico de atividade magnética, o que acontece a cada 11 anos.

Em alguns casos, tais tempestades podem interferir na vida na Terra, no entanto, o planeta está protegido por um campo chamado Magnetosfera, que impede que as rajadas solares atinjam a atmosfera. Prova desse fenômeno de proteção são as auroras boreais ou auroras polares, que, apesar da beleza, refletem a intensidade do bombardeamento da tempestade vinda do Sol.Impacto na vida terrestre

Os ventos provocados pela explosão dessas partículas superaquecidas atingem o campo magnético da Terra e, em casos remotos, a atmosfera, causando interferência em alguns instrumentos usados pelos homens. Isso ocorre porque as partículas que se deslocam do Sol geram correntes magnéticas que podem alcançar o solo e as rochas da superfície Terra, o que causa perda na regulação de tensão das distribuidoras de energia e um comprometimento das ondas de radiofrequência.

Em 1989, um blackout ocorrido na província de Quebec, no Canadá, teve como justificativa as alterações ocasionadas no campo magnético da Terra pelas partículas que saíram do Sol. Além dos espetáculos de luzes no céu, milhares de pessoas ficaram sem eletricidade durante horas e a comunicação via rádio ficou fora do ar.

Em um caso mais extremo, linhas de telégrafos foram rompidas no ano de 1859. Na ocasião, alguns telegrafistas receberam choques elétricos, e alguns postes produziram faíscas por causa da descarga gerada pela tempestade. Nesse episódio, que ficou conhecido como Evento Carrington, as auroras polares puderam ser vistas de muitos lugares mais ao sul da Europa e América do Norte, em virtude da intensidade dos bombardeamentos solares.De acordo com Enos Picazzio, Professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), as consequências de tempestades em grandes proporções, como as de 1859 e 1889, hoje seriam mais graves em razão da dependência que temos de informações que circulam por instrumentos relacionados com o funcionamento dos satélites. Além disso, várias cidades no mundo ficariam sem energia, gerando um prejuízo de bilhões de dólares.

O professor da USP também comenta que, se o planeta não tivesse a proteção da magnetosfera, talvez suas características seriam próximas das de Vênus ou Marte, por exemplo. No passado, Marte foi protegido por uma magnetosfera e tinha atmosfera espessa. Provavelmente, com a perda da magnetosfera, a atmosfera tornou-se rarefeita, o efeito estufa diminuiu e a temperatura ambiente caiu, tornando o planeta árido e frio. Já em Vênus, por estar bem mais próximo do Sol, os efeitos são diferentes. Com uma maior incidência de luz solar, a atmosfera de Vênus perdeu elementos químicos leves, predominando os mais pesados, nesse caso, o dióxido de carbono. Como o segundo planeta mais próximo ao Sol não tem magnetosfera, sua atmosfera está sendo destruída pelo vento solar.Futuras tempestades

Apesar de muito se falar em tempestade solar em razão do fácil acesso que temos, atualmente, a esse tipo de informação, estudos recentes mostram que a atividade solar está diminuindo, o que pode trazer consequências climáticas em algumas décadas.

Os avanços tecnológicos e dos modelos teóricos sobre o comportamento solar têm apresentado êxito no monitoramento das atividades do Sol. Certamente, previsões precisas serão cada vez mais realistas no futuro, antecipando tempestades e outras atividades. No entanto, o professor Enos Picazzio ressalta que ainda não há muito o que se fazer se uma explosão de grandes proporções for prevista com antecedência. É preciso um plano de contingência, principalmente dos países do hemisfério norte.

Por Rafael Batista
Equipe Brasil Escola fonte https://brasilescola.uol.com.br/

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