"De fato ela guarda diferença de outras linhagens que permite que a gente diga, em diferentes análises, que ela é uma linhagem nova, autóctone, ocorrida primeira aqui no Rio Grande do Sul, e depois encontramos, em datas posteriores, em outros estados, como São Paulo", afirma o professor da Feevale, Fernando Spilki.
Sobre a nova linhagem que está surgindo no Rio Grande do Sul, os pesquisadores ainda não sabem quais complicações pode gerar. Os dados foram coletados no início de dezembro, em pacientes do Vale do Sinos, a 50 km de Porto Alegre."Estamos complementado esse estudo com estudos in vitro, em laboratório, para determinar se o soro de pessoas vacinadas ou o soro de pessoas que se recuperaram da Covid-19 neutralizam essa linhagem. Os testes que nós temos hoje disponíveis em laboratório, para essa nova linhagem, específica gaúcha, funcionam, a gente consegue detectar o vírus com vários testes diferentes", explica.Os pesquisadores não identificaram alterações no quadro clínico dos pacientes infectados pela nova variante do vírus. "O que ainda vamos investigar é se essa linhagem tem maior ou menor transmissibilidade".
Reinfecções a partir de mutações
A cepa encontrada no RJ, que está em circulação no RS, pode gerar uma mutação em uma região chave para a formação dos chamados anticorpos neutralizantes, o que facilita as reinfecções.
"Nosso medo é que a partir do momento que essa variante se espalhe e se torne majoritária como está acontecendo no Rio Grande do Sul, que nós tenhamos, infelizmente, mais reinfecções", explica Spilki.
Os pesquisadores alertam que ainda é preciso investigar como as vacinas já existentes podem proteger dessa nova linhagem."Os dados infelizmente demonstram que há uma afinidade menor dos anticorpos, então é algo que, realmente, precisa ser monitorado, principalmente num futuro próximo, quando da introdução das vacinas, se, efetivamente, se as vacinas continuarão a dar a mesma proteção para essas linhagens", completa.
Diante disso, o começo da vacinação se torna ainda mais importante, segundo o professor.
"Justamente por não termos um programa de vacinação amplo e imediato e estarmos dando espaço para o vírus evoluir é que nós estamos essa geração de novas variantes não só no exterior como tem ocorrido, mas principalmente aqui no Brasil", afirma. fonte https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/