“O dia 7 de abril é conhecido pelo Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Esta data instituída pela Lei nº 13.277, de 29 de abril de 2016, marca a tragédia de Realengo em 2011, quando o ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, Wellington Menezes de Oliveira, invadiu uma sala de aula e atirou contra as crianças, matando 11 delas, tirando a própria vida, em seguida.
Relatos de parentes e mensagens deixadas pelo atirador dão conta de que ele sofreu assédios violentos quando aluno da instituição, o que teria motivado o crime, e especialistas avaliaram que sofria de distúrbios mentais graves.”
Desde 2015 está em vigor a Lei 13.185, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying).
Em 2018 entrou em vigor a Lei 13.663, que determinou o combate ao bullying em ambientes educacionais, o que mostra a importância de programas preventivos eficazes nas escolas que instruam educadores, pais e alunos para a consciência deste tipo de violência.
Um novo estudo, publicado na edição inaugural da Revista Internacional de Prevenção ao Bullying, mostra que o Olweus Bullying Prevention Programa (OBPP) foi efetivo na redução de várias formas de bullying. O estudo, de três anos de duração, envolvendo mais de 30.000 alunos de 95 escolas, do 3º a 9º ano do Ensino Fundamental, e do 1º e 2 º anos do Ensino Médio, concluiu que:
- O OBPP foi bem sucedido na redução de todas as formas de sofrer e praticar bullying: bullying verbal; bullying físico; bullying relacional ou indireto (exclusão, difusão de boatos); bullying com nomes, comentários ou gestos com um significado sexual; e bullying eletrônico.
- Ao examinar os efeitos do programa em agrupamentos de turmas específicos (do 3º ao 5º ano; 6º ao 8º ano e 9º ano do Fundamental ao 2º ano do Ensino Médio), os pesquisadores descobriram efeitos significativos do programa para todas as formas de bullying em todos os agrupamentos de turmas, com apenas algumas exceções.
- Os efeitos do programa foram muito similares para os meninos e para as meninas e foram, de modo geral, ainda mais eficazes quando aplicados a longo prazo.
Em abril de 2019, o Centro Nacional de Estatísticas da Educação dos Estados Unidos (National Center for Education Statistics – NCES) e o Departamento de Estatísticas de Justiça dos Estados Unidos (Bureau of Justice Statistics – BJS) lançaram as mais recentes Estatísticas dos Estados Unidos sobre o bullying, do Suplementos de Crimes Escolares (School Crime Supplement – SCS) para a Pesquisa Nacional de Vitimização do Crime (National Crime Victimization Survey). O levantamento, que é realizado a cada dois anos, com estudantes entre os 12 e os 18 anos de idade, fez perguntas aos alunos sobre sofrer bullying na escola durante o período escolar de 2016/2017. Entre as principais conclusões, verificou-se que:
- 20% dos estudantes relataram ter sofrido bullying na escola durante o ano letivo. Embora esta taxa tenha caído significativamente dos 29% de 2005, permanece inalterada em relação a 2015.
- As meninas eram mais propensas que os meninos a relatar bullying (24% vs. 17%) e eram mais propensas a relatar ser alvos de boatos (18% vs. 9%), sofrer bullying verbal (16% vs. 10%), e ser excluídas intencionalmente de atividades (7% vs. 3%). Os meninos eram mais propensos a relatar o bullying físico (6% vs 4%).
- Em relação a faixa etária, alunos do 6º ao 8º ano do Ensino Fundamental eram mais propensos a sofrer bullying do que alunos do 9º ano e Ensino Médio; 29% dos alunos do 6º ano do ensino fundamental e 12% do 3º ano do ensino médio sofreram bullying.
- Estudantes em áreas rurais (27%) eram mais propensos do que aqueles em áreas suburbanas (20%) ou urbanas (18%) a relatar sofrer bullying.
- Os locais mais comuns para a ocorrência de bullying na escola incluíam o corredor ou a escada (43%), uma sala de aula (42%) e o refeitório (27%). Cerca de 15% relataram ter sofrido bullying online ou por texto, e 8% sofreram bullying em um ônibus escolar.
Daqueles que sofreram bullying em 2017:
- 31% sofreram bullying por 1 dia, 19% por 2 dias, 30% por 3 a 10 dias, e 20% por mais de 10 dias; menos da metade (46%) notificou um adulto na escola.
- 27% sentiram que sofrer bullying na escola teve um efeito negativo sobre como eles se sentiam sobre si mesmos, 19% sentiram que afetou negativamente seus deveres da escola e seus relacionamentos com amigos e familiares, e 14% disseram que afetou negativamente sua saúde física.
Meta análises de programas de prevenção ao bullying
Pesquisadores da Universidade de Cambridge (Gaffney, Ttofi, & Farrington) publicaram dois artigos em 2019 detalhando suas últimas meta análises de programas de prevenção ao bullying em todo o mundo. Das 100 avaliações independentes analisadas, os pesquisadores descobriram que:
- Em relação às três formas de bullying que se destacaram nos dados obtidos pela pesquisa, após a implementação do OBPP foi apontada uma redução substancial de todas elas, especialmente do bullying verbal.
- Houve diferenças significativas nos efeitos, dependendo do programa específico e da região do mundo onde o programa foi avaliado.
- O OBPP foi a intervenção mais eficaz em relação à redução da perpetração de bullying e esteve entre os três principais programas na redução da vitimização por bullying. fonte https://abraceprogramaspreventivos.com.br/