O ciclone que deixou pelo menos 41 mortos no sul do Brasil teve grande destaque na imprensa internacional. Jornais e sites estrangeiros noticiaram a catástrofe, que está sendo apresentada como uma das maiores tragédias naturais da região.
O jornal norte-americano The New York Times trouxe nesta quarta-feira (6) um resumo da situação no sul do Brasil, ressaltando que “mais de 3.000 pessoas foram deslocadas pelas inundações de cidades nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina”. O diário conta como “a tempestade, que os meteorologistas descreveram como um ciclone extratropical, gerou um tornado e ventos superiores a 100 quilômetros por hora”.
O canal Al Jazeera relata que o balanço de mortos vem aumentando e cita o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que disse na terça-feira que cerca de 60 cidades haviam sido atingidas pela tempestade. “O número inicial de mortes de 21 pessoas já era o mais alto do estado devido a um evento climático”, apontou Leite, ao anunciar mais 15 óbitos.“As chuvas excepcionais e os ventos fortes causaram enormes danos e muitas localidades foram literalmente submersas pelas inundações”, explica o site da revista francesa Le Point. Muçum, uma cidade com 5.000 habitantes, “viu quase 85% de sua área inundada pelo rio Taquari”, completa o site alemão DW.As autoridades afirmam ter conseguido resgatar milhares de pessoas, mas continuavam os esforços em uma corrida contra o tempo para chegar às regiões mais afastadas. “Helicópteros estão sendo usados para retirar moradores isolados, com algumas estradas completamente inutilizáveis devido às inundações”, escreve o jornal francês Le Figaro.
Quase 10 milhões vivem em situação de risco
“As inundações no Rio Grande do Sul foram as últimas de uma série de desastres que atingiram recentemente o Brasil”, explica o jornal britânico The Guardian. O diário lembra que “50 pessoas morreram no estado de São Paulo no início deste ano, depois de fortes chuvas terem causado deslizamentos de terra e enchentes”.
O jornal Le Monde escreve que o impacto das mudanças climáticas não deve ser descartado, como ressaltam alguns especialistas. Mas lembra que os estragos das enchentes são “ainda mais devastadores num contexto de urbanização descontrolada”, com populações pobres que vivem em habitações precárias nas encostas.
Esse aspecto também é evidenciado pelo canal de televisão francês BFM, frisando que “aproximadamente 9,5 milhões dos 203 milhões de habitantes do Brasil vivem em áreas sob risco de inundações ou deslizamentos de terra”.