A Prefeitura de Santa Maria, por meio da Vigilância em Saúde, que é vinculada a Secretaria Municipal de Saúde, reforça que não há surto de doenças diarreicas no Município. Conforme o setor, não foi registrado aumento de atendimentos na rede pública de saúde nos últimos dias referentes a uma possível virose. Nem notificações de outros setores foram repassadas à pasta municipal de Saúde ou para a Vigilância.
“Fizemos levantamento na Secretaria de Saúde sobre os atendimentos por viroses, que resultam em vômitos e diarreia, desde o começo do ano para termos um comparativo dos números e não foi constatado aumento nos últimos dias. Também não recebemos informações da rede privada de saúde sobre aumento neste tipo de atendimento. Com isso, constatamos que as informações compartilhadas na internet são falsas. Em período ao qual estamos vivendo, de pós-enxurrada, é preciso tomar mais cuidado na ingestão de água e alimentos, e com algumas possíveis doenças, como a leptospirose. Mas até o momento, não há registro de qualquer tipo de surto. Claro que vamos seguir monitorando estas questões e, caso seja necessário, medidas serão tomadas”, destaca a secretária de Saúde, Ana Paula Seerig.
O superintendente da Vigilância em Saúde, Alexandre Streb, reforça que em momentos de pós-enxurrada é importante redobrar cuidados. Ele cita que o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) orienta os cuidados especiais para evitar a contaminação por doenças como leptospirose, hepatite A, cólera, tétano acidental, entre outras. Há ainda cuidados específicos para a limpeza da casa e caixa d’água, assim como quanto ao consumo de água e alimentos.
“Com o aumento do risco de contaminação da água e de alimentos, devido aos efeitos das enchentes, a Vigilância em Saúde, por meio do programa VIGIÁGUA, e da Fiscalização Sanitária, está atenta a qualquer sinal de problema pelos registros epidemiológicos. Mantemos testagens bioquímicas cotidianas da água de abastecimento do Município e atendemos qualquer pedido da população para averiguação de situações de risco”, pontua Streb.
CONSUMO DE ÁGUA
A Prefeitura reforça que a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) segue o tratamento de água para o abastecimento de Santa Maria e região. Porém, o Cevs salienta que a água pode ser indiretamente contaminada em situações de desastres e conter microrganismos causadores de doenças como cólera, diarreia, febre tifoide, hepatite tipo A, leptospirose entre outras. A população de áreas atingidas deve priorizar o consumo de água mineral quando não houver possibilidade de adotar procedimentos de cuidados (leia passo a passo abaixo).
LEPTOSPIROSE
É uma das doenças de atenção nesses períodos após inundações. Ela é transmitida pela urina do rato e acontece pelo contato com água ou lama contaminada. No período chuvoso, os rios, os córregos e a rede de esgoto podem transbordar. Essa água invade tocas de ratos (que se encontram em galerias, lixões, terrenos baldios e esgotos) e chega contaminada às residências, podendo contaminar as pessoas. O contato com a pele, as mucosas ou a ingestão de alimentos, líquidos e medicamentos contaminados transmitem a leptospirose para o ser humano.
Por isso, pessoas que trabalham na limpeza de ambientes que contenham lama, entulho e esgoto devem usar botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com água e lama contaminadas (se isso não for possível, usar sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).
Após as águas baixarem será necessário retirar a lama e desinfetar o local (sempre se protegendo). Pisos, paredes e bancadas devem ser lavados desinfetando com água sanitária na proporção de duas xícaras das de chá (400ml) desse produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 30 minutos.
Se, apesar dessas orientações, a pessoa apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo até 40 dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou esgoto, é necessário procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima. Não se esqueça de contar ao médico o seu contato com água ou lama de enchente.
TÉTANO ACIDENTAL
O contato com os entulhos e os destroços podem provocar lesões na pele e, consequentemente, o adoecimento por tétano acidental. A doença é causada por uma bactéria que pode estar presente em objetos de metal (mesmo que não esteja enferrujado), madeira, vidro ou mesmo no solo (pregos, latas, ferramentas agrícolas, cacos de vidro, galho de árvore, espinhos, pedaços de móveis e outros).
As pessoas podem adoecer quando, acidentalmente, sofrem lesões na pele (ferimentos, cortes, perfurações) por objetos contaminados. Por isso, a pessoa deve proteger mãos, braços, pés e pernas com luvas e botas ao manusear entulhos.
Cuidados que devem ser tomados com água para consumo suspeita de contaminação
Atenção! A água para consumo deve ser suspeita quando for coletada de poços e fontes alternativas
– Filtre a água utilizando filtro doméstico. Caso não seja possível, utilizar coador de papel ou pano limpo;
– Na impossibilidade de filtrar ou coar, reserve ou coloque a água em um vasilhame limpo e deixe a sujeira decantar (descer até o fundo do vasilhame) até que a água fique transparente. Em seguida, separe com cuidado a água limpa, coloque em outra vasilha limpa e realize a desinfecção com água sanitária (solução de hipoclorito de sódio a 2,5%);
– Coloque duas gotas de água sanitária para um litro de água para inativação/eliminação de microrganismos que causam doenças;
– Aguarde 30 minutos para beber a água, tempo necessário para o hipoclorito eliminar os microrganismos presentes na água;
– Na falta de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), filtre a água utilizando filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo e ferva-a durante 5 minutos. Marque os 5 minutos, após o início da fervura/ebulição;
– Caso observe alguma alteração na água da torneira (como odor e/ou coloração diferente do habitual) entre em contato com a empresa de saneamento responsável pela distribuição da água e/ou a secretaria de saúde do seu município.
Cuidado com alimentos em casos de enchentes
– Após uma enchente ou inundação é possível que os alimentos não estejam em condições adequadas para consumo. Alimentos contaminados podem causar diarreias, vômitos, febre e, em casos mais graves, podem levar à morte.
Não devem ser consumidos
– Alimentos com cheiro, cor ou aspecto fora do normal (úmido, mofado, murcho).
– Alimentos como leite, carne, peixe, frango e ovos, crus ou mal cozidos, principalmente aqueles que entraram em contato com a água de enchente.
– Frutas, verduras e legumes estragados ou escurecidos que entraram em contato com a água de enchente.
– Alimentos cozidos ou refrigerados e que tenham ficado por mais de duas horas fora da geladeira, principalmente carne, frango, peixe e sobras de alimentos.
– Alimentos com embalagem em plástico (garrafas PET, leite em saco, grãos ensacados) que tiveram contato com água da enchente devem ser descartados, mesmo que não tenham sido abertos.
– Alimentos com embalagens em latas, plásticos e vidros que apresentem sinais de alteração, como inchaço, esmagamento, vazamento, ferrugem, buracos, tampas estufadas ou outros danos devem ser descartados, mesmo que não tenham sido abertos.
10 passos para a limpeza e desinfecção da caixa d’água
A indicação é que este procedimento seja seguido caso o sistema de abastecimento de água ou a caixa d’água tenham sido afetados
1. Feche o registro e esvazie a caixa d’água, abrindo as torneiras e dando descargas.
2. Quando a caixa estiver quase vazia, feche a saída e utilize a água que restou para a limpeza da caixa e para que a sujeira não desça pelo cano.
3. Esfregue as paredes e o fundo da caixa utilizando panos e escova macia ou esponja. Nunca use sabão, detergente ou outros produtos. Deve-se utilizar luvas e botas de borracha para realização dessa atividade.
4. Retire a água suja que restou da limpeza, usando balde e panos, deixando a caixa totalmente limpa.
5. Deixe entrar água na caixa até encher e acrescente um 1 litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água.
6. Aguarde por duas horas para desinfecção do reservatório.
7. Esvazie a caixa. Essa água servirá para limpeza e desinfecção das canalizações, chão e paredes.
8. Tampe a caixa d’água para que não entrem pequenos animais ou insetos.
9. Anote a data da limpeza do lado de fora da caixa.
10. Finalmente abra a entrada de água.
Texto: Joyce Noronha (Mtb: 16.033), com informações do Cevs
Foto: Marcelo Oliveira (Prefeitura) / Arquivo
Secretaria de Comunicação
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