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OSCILAÇÃO NA ANTÁRTIDA ENTRA EM FASE QUE FAVORECE AR POLAR NO BRASIL
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Publicado em 23/07/2024

O que ocorre na Antártida tem reflexos no clima do Brasil. O padrão de circulação de ventos ao redor do continente antártico neste final de julho tende a ter reflexos no tempo do Centro-Sul do território brasileiro nas próximas duas a três semanas, prevê a MetSul Meteorologia. Nestes últimos dias de julho e possivelmente ainda no começo de agosto se projeta que os ventos ao redor do contente antártico vão estar mais enfraquecidos, o que levará a uma maior ondulação das correntes de jato (vento) nas altitudes em que voam os aviões de carreira, fazendo com que a atmosfera fique mais ativa em fenômenos nas latitudes médias da América do Sul.

Quando isso ocorre há tendência de mais ciclones no Atlântico Sul, aumento da chuva no Brasil e, principalmente, uma maior propensão ao ingresso de massas de ar frio no Sul do território brasileiro. Dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos mostram que a chamada Oscilação Antártica ingressa outra vez numa fase negativa neste fim de julho e no começo de agosto, com o enfraquecimento dos ventos ao redor do Polo Sul.

A Meteorologia presta muita atenção nesta oscilação porque ela costuma trazer efeitos no clima do Brasil, seja na chuva ou na temperatura. E os dados estão indicando que agora neste fim de julho a Oscilação Antártica pode atingir valores significativamente negativos. No fim de junho e no começo deste mês, a oscilação teve um pulso negativo que trouxe o período atípico de frio muito intenso e prolongado de duas semanas na Argentina, no Uruguai e no Rio Grande do Sul com marcas históricas de temperatura baixa.

Os dados indicam agora que a Oscilação Antártica desceria a valores ainda menores que no fim de junho, o que favoreceria o ingresso de ar frio no Sul do Brasil no fim de julho e nos primeiros dez dias de agosto, mas não necessariamente com frio na mesma força e duração das primeiras duas semana de julho. O QUE É A OSCILAÇÃO ANTÁRTICA A chamada Oscilação Antártica (AAO) ou Modelo Anular Sul ou Meridional é uma das mais importantes variáveis que impacta as condições no Brasil e no Hemisfério Sul, tanto na chuva como na temperatura. Do que se trata? Trata-se de um índice de variabilidade relacionado ao cinturão de vento e de baixas pressões ao redor da Antártida. A Oscilação Antártica tem duas fases. A positiva e a negativa.

Com a maior ondulação da corrente de jato na fase negativa, crescem as chances de episódios de chuva mais volumosa e ciclones. Estudos mostram que na fase negativa há uma maior propensão para chuva no Sul e Sudeste do Brasil. Independente da condição do Pacífico (El Niño, neutralidade e La Niña), períodos de AAO- têm potencial de incrementar a precipitação no Sudeste da América do Sul com maior frequência de ingresso de massas de ar frio de origem polar nos meses de inverno. MENOS GELO E AQUECIMENTO ESTRATOSFÉRICO NA ANTÁRTIDA Este pulso negativo da Oscilação Antártica agora no fim de julho e no início de agosto vai ocorrer na sequência de episódio menor de aquecimento estratosférico observado na metade deste mês sobre o continente polar. Um evento de Aquecimento Estratosférico Súbito (SSW na sigla em Inglês para Sudden Stratospheric Warming) ocorre quando há um aumento abrupto na temperatura do ar muito acima de qualquer uma das regiões polares da Terra, normalmente na magnitude de dezenas de graus Celsius em poucos dias. O aquecimento ocorre numa camada da atmosfera chamada de estratosfera, cerca de 30 a 40 km acima da superfície. Se um evento de aquecimento estratosférico alcançar a parte mais baixa da atmosfera, a troposfera, pode gerar o enfraquecimento do vórtice polar, o que permitiria que o ar polar gelado se afaste ainda mais da Antártica e avance para as latitudes médias. Estes episódios de Aquecimento Estratosférico Súbito podem fazer com que a chamada Oscilação Antártica mude para uma fase negativa, o que no caso do Hemisfério Sul pode afetar áreas da América do Sul, Sul da África, Austrália e Nova Zelândia com incursões de ar polar de maior intensidade e aumento da chuva em algumas regiões. Ao mesmo tempo, a cobertura de gelo marinho na Antártida segue muito abaixo da média das últimas décadas e as anomalias negativas aumentaram ainda mais durante as últimas duas semanas. A cobertura de gelo marinho na Antártida é a segunda menor no inverno desde que se iniciaram as medições por satélites em 1979, de acordo com dados processados por centros mundiais de monitoramento nos Estados Unidos e na Europa. A extensão média do gelo marinho da Antártida em junho de 2024 foi de 12,2 milhões de quilômetros quadrados. O número ficou 1,6 milhão de quilômetros quadrados (ou 12%) abaixo da média de junho de 1991-2020. Foi a segunda menor extensão de cobertura de gelo marinho para junho na série de 46 anos, atrás do recorde de -16% observado em junho do ano passado, mostram os dados por satélite. fonte met sul

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